Onipresença temporal da problemática fiscal
Julho marca um mês de performance dos ativos brasileiros relativamente pior versus pares globais. Os riscos fiscais (e políticos) que rondam o país na última década voltam – como fizeram por diversas vezes nos últimos anos - a pesar negativamente nos mercados de ações, juros e câmbio.
No Brasil, continua o debate da reforma tributária, com o relator emitindo novo parecer que reduz a carga tributária versus a atual, e ganham holofotes os gastos com precatórios e o aumento do Bolsa Família no contexto do orçamento de 2020. Ambas discussões deixam nítido o risco fiscal relativamente alto ainda em curso no país, e mostram um Congresso mais sensível à demandas concorrentes com a da responsabilidade fiscal. No campo político, Bolsonaro nomeia um dos líderes do Centrão como chefe da Casa Civil, numa tentativa de reverter o desgaste do governo junto ao Congresso - que se ampliou com as reiteradas ameaças ao processo eleitoral de 2022, e que geraram enorme desgaste junto ao STF também. À priori, nos parece que o governo ganha alguma sobrevida, mas fica em aberto a qual custo.
Em todo mundo, a variante delta do COVID-19 continua produzindo medo de uma quarta onda que leve a novos fechamentos, com número de casos voltando a ficar em patamares bastante altos. Ainda parece mais provável, dados os preços de mercado, que a vacinação já avançou e deve avançar em ritmo suficiente para conter as hospitalizações. Nos EUA, o FOMC, Comitê do Banco Central norte-americano, deu mais sinais de que começou de fato as discussões para início da retirada dos estímulos monetários em vigor - claramente adotando postura de precaução evitando a retirada muito antecipada dos suportes econômicos. O debate aqui continua entre opiniões de que o FED fará isso tarde demais, e está suportando um processo inflacionário mais grave, ou de que realmente a postura é necessária dado que o processo inflacionário atual supostamente seria passageiro. A ver.
Nos portfólios, a tradução do ambiente acima vem com relativa manutenção das posições dos meses anteriores. Sem grandes apostas direcionais, com carteiras relativamente bem equilibradas e com exposição saudável a ativos descorrelacionados do risco local – ainda que vejamos espaço para a tomada de risco de forma pontual em ativos nacionais.
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